segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cartão Postal

Prédios abandonados e ocupados por pessoas desnorteadas enfeitam o horizonte cinzento da selva de pedra. roupas coloridas, surradas pelo excesso de lavagem, penduradas nas janelas desenham uma enorme colcha de retalhos. Como uma bandeira amarrada no topo de um mastro de concreto, as roupas se sacolejam afastando a poeira para se misturar com o resto da poluição. portões  velhos pendurados por arames e sustentados por latas vazias não ameaçam as crianças que brincam despreocupadas por detrás das grades. enquanto os bares vendem cervejas, churrasco-gregos, cachaças , mulheres e adolescentes travam o combate para ver quem levará a melhor ao conquistar a carteira do velho barrigudo que limpara, com as costas da mão, o ultimo gole que lhe escorregou pelo bigode nojento. Por outro lado, pessoas surgem como zumbis andarilhando, sem consciência a canto algum, na esquina da Luz, os bichos, como retrataria Manuel Bandeiras caso visse aquela situação disputam, aos puxões, aos invés de alimentos, o cachimbo com  um minúsculo pedaço de crack. Dentro da Estação, sobre  a Plataforma, um homem magricela, com uma latinha de cerveja, observa atento a multidão que se acotovela para tomar o trem que já vai  lotado, homens mulheres e crianças competem como se estivessem numa corrida de jóquei sem regras por um assento vazio. Senhoras atropelam meninas, que atropelam homens, que pisoteiam crianças ainda no ventre. O homem sorri ao ser paquerado por mulheres que esforçam-se inutilmente para ser sexy trajando cacos de roupas de um lado para o outro, mulheres, senão todas elas, sua grande maioria, de idade variadas, com traços faciais baqueados pelo tempo ou sofrimento, de batons retocados e olhos pintados. Mulheres renegadas que vendem-se a troco de nada, as vezes com filhas pequenas, de colo, ainda com chupeta entre os lábios, pois como muitas vezes não tem com quem deixa-la a mãe, logo cedo a traz para aprender o ofício ou até mesmo vendê-la, caso alguém se interesse, o que não é raro.
chineses, peruanos, angolanos,  chilenos entre outras tribos, esbarram-se na contramão de uma calcada ocupada por camelôs que disputam, de igual para igual, com grandes lojas e vendem, sem preocupação, ate o    "Rapa" chegar, suas bojigangas; cds, pulseiras, relógios, tênis falsificados, bonés, carteiras, roupas, cartão postal da Estação da Luz. Esta é a fotografia atual da cidade mais rica do Brasil.

As vezes aqueles quem pede ajuda a outrem, é quem mais precisa de ajuda

3 comentários:

ed.projetosonhar@gmail.com disse...

Cara fico muito loco.Mulheres renegadas que vendem se a troco de nada vc e zica

ed.projetosonhar@gmail.com disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dani:) disse...

Parabéns,sensacional vc escreveu a cruel realidade q vivemos hj Nessa cidade... vivemos na cidade aonde minguém ta nem ae!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cartão Postal

Prédios abandonados e ocupados por pessoas desnorteadas enfeitam o horizonte cinzento da selva de pedra. roupas coloridas, surradas pelo excesso de lavagem, penduradas nas janelas desenham uma enorme colcha de retalhos. Como uma bandeira amarrada no topo de um mastro de concreto, as roupas se sacolejam afastando a poeira para se misturar com o resto da poluição. portões  velhos pendurados por arames e sustentados por latas vazias não ameaçam as crianças que brincam despreocupadas por detrás das grades. enquanto os bares vendem cervejas, churrasco-gregos, cachaças , mulheres e adolescentes travam o combate para ver quem levará a melhor ao conquistar a carteira do velho barrigudo que limpara, com as costas da mão, o ultimo gole que lhe escorregou pelo bigode nojento. Por outro lado, pessoas surgem como zumbis andarilhando, sem consciência a canto algum, na esquina da Luz, os bichos, como retrataria Manuel Bandeiras caso visse aquela situação disputam, aos puxões, aos invés de alimentos, o cachimbo com  um minúsculo pedaço de crack. Dentro da Estação, sobre  a Plataforma, um homem magricela, com uma latinha de cerveja, observa atento a multidão que se acotovela para tomar o trem que já vai  lotado, homens mulheres e crianças competem como se estivessem numa corrida de jóquei sem regras por um assento vazio. Senhoras atropelam meninas, que atropelam homens, que pisoteiam crianças ainda no ventre. O homem sorri ao ser paquerado por mulheres que esforçam-se inutilmente para ser sexy trajando cacos de roupas de um lado para o outro, mulheres, senão todas elas, sua grande maioria, de idade variadas, com traços faciais baqueados pelo tempo ou sofrimento, de batons retocados e olhos pintados. Mulheres renegadas que vendem-se a troco de nada, as vezes com filhas pequenas, de colo, ainda com chupeta entre os lábios, pois como muitas vezes não tem com quem deixa-la a mãe, logo cedo a traz para aprender o ofício ou até mesmo vendê-la, caso alguém se interesse, o que não é raro.
chineses, peruanos, angolanos,  chilenos entre outras tribos, esbarram-se na contramão de uma calcada ocupada por camelôs que disputam, de igual para igual, com grandes lojas e vendem, sem preocupação, ate o    "Rapa" chegar, suas bojigangas; cds, pulseiras, relógios, tênis falsificados, bonés, carteiras, roupas, cartão postal da Estação da Luz. Esta é a fotografia atual da cidade mais rica do Brasil.

As vezes aqueles quem pede ajuda a outrem, é quem mais precisa de ajuda

3 comentários:

ed.projetosonhar@gmail.com disse...

Cara fico muito loco.Mulheres renegadas que vendem se a troco de nada vc e zica

ed.projetosonhar@gmail.com disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dani:) disse...

Parabéns,sensacional vc escreveu a cruel realidade q vivemos hj Nessa cidade... vivemos na cidade aonde minguém ta nem ae!