terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ironia da Paixão

À Bruna do Carmo, minha amiga.

Mais um dia de segunda-feira, o relógio despertou cedo era hora de ir para o trabalho, levantei-me da cama com uma ressaca danada; Domingo enchi a cara com os meus colegas, pois, fomos ao casamento de um amigo de infância. Fui para o banheiro e tomei um banho gostoso, estava animado, mas, não sabia o motivo de tanta animação, afinal, teria que trabalhar. Naquela manhã eu cantei, dancei, gritei, pulei, realmente estranhei meu comportamento. Tudo bem. Penteei os cabelos como nunca havia penteado, até uma fragrância francesa que nunca havia usado antes eu usei e coloquei minha melhor grava, sentei-me para o café da manhã, minha mãe também estranhou meu comportamento e chegou a perguntar se eu havia usado algum tipo de drogas na noite anterior, eu dei risada sozinho, então parei. Fiquei sem graça de repente e logo em seguida uma felicidade inexplicável tomou conta de mim, levantei-me da cadeira, peguei minha pasta, dei um beijo duradouro em minha mãe e sai correndo para o trabalho.
É... Naquele dia eu estava realmente estranho porque ainda era sete horas da manhã e eu entrava as nove no serviço, gastava apenas trinta minutos da minha casa ao escritório. Parei no ponto de ônibus, cumprimentei todos que estavam ali e, logo veio meu ônibus, estava cheio e só restavam dois assento que certamente foram reservados para mim e minha pasta. Sentei-me. Logo o ônibus fizera uma parada, ah! Nunca mais esqueci aquela parada.
Uma bela garota de olhos claros, cabelos longos e loiros, entrara no coletivo, em toda a minha vida eu nunca havia visto alguém tão belo. Meus olhos, inexplicávelmente, fixaram-se naquela escultura humana. Havia um assento ao meu lado e rapidamente tirei a pasta e foi justamente nele que ela sentou, não trocamos uma só palavra, mas, foi inevitável que ficássemos nos olhando. Não acreditei que aquela garota estava olhando pra mim. E assim foi durante algumas semanas...

Sempre pegávamos o mesmo ônibus, sentávamos no mesmo banco, mas, descíamos em pontos diferentes e nunca trocamos uma só palavra. Eu sempre levava o número do meu telefone no bolso da camisa, mas, nunca tive coragem de lhe entregar, depois daquela manhã inesquecível meu desempenho no trabalho melhorou, passei a andar mais elegante, vivia sorrindo por qualquer coisa, eu estava apaixonado...
Não sei o por quê, mas, as garotas do meu trabalho passaram a me olhar diferente, me convidavam para coquetéis, festas, até convite para almoçar em suas casas eu recebia. Passei a odiar sábados domingo, e feriados.
Ah! Que maravilha foi aquele tempo. Eu não esquecia aquela garota um só minuto, pensava a todo instante naquele rostinho lindo e meigo, aquele perfume que muitas vezes me levara ao céu e, quando percebia que nunca poderia tê-la, este mesmo cheiro trazia-me o gosto amargo da realidade opressora, aquela roupa social que ela usava, aquele maravilhoso cabelo que o vento soprava em minha face... Que loucura!
Num belo dia chuvoso, eu bem vestido, como sempre, naquele assento frio do ônibus, com os cabelos bem penteados, o motorista fez uma de suas paradas, era a parada que eu mais gostava, lá vinha ela; com um rebolado sensacional, seus tamancos faziam um som no assoalho do ônibus que parecia acompanhar a batida do meu coração. Ao sentar-se ao meu lado a bolsa dela caiu e eu, rápido e preciso, baixei-me para pegá-la, ao entregar-lhe recebi um belo sorriso de gratidão, aquilo foi demais, eu também arreganhei um belo sorriso e ficamos nos olhando, cheguei a descer um ponto depois do que eu costumava descer só para contemplar um pouco mais a sua beleza.
No dia seguinte ela entrou e sorriu pra mim, meu coração galopou em meu peito, estufei-o e disse:
- Bom dia!
- Bom dia – respondeu ela muito sorridente.
Ai meu Deus! Aquele foi o “bom dia” mais gostoso que eu ouvi em toda minha vida, timidamente puxei conversa, ela muito tímida respondia somente o necessário, perguntei tudo que queria saber ao seu respeito, o melhor de tudo era que ela não tinha namorado, eu era o homem mais feliz do mundo, seria capaz de trocar tudo que conquistei ao longo dos anos por um beijo, ou até mesmo por um simples abraço, mas, tinha que me contentar apenas com a sua presença que, pra mim, já era o suficiente, mas, o suficiente não é e nunca será o bastante. Comentei com minha mãe e ela ficou super feliz por mim. Um certo dia eu resolvi esperar o ônibus até mais tarde para ver se conseguia voltar para casa com ela, mas, foi lamentável, esperei até às vinte horas e nada, fui para casa de táxi.
Numa sexta-feira anotei o número do meu telefone e estava disposto entregar poém, mais uma vez acabei não entregando, ela como sempre, toda simpática me deu um “bom dia” e, em seguida, perguntou o meu nome, eu respondi gaguejando, ela disse o seu sorrindo, criei coragem e pedi o seu telefone, ela fez uma carinha dócil, pôs suas mãos delicadas dentro da bolsa e me entregou um desses cartões de visitas, nossa! Que alegria eu senti naquele momento.
Noutro dia eu ligaria, mas, não sabia o que dizer, fiquei treinando, passei horas e horas andando pra lá e pra cá pensando o que dizer. Diria que estava apaixonado? Não, senão pensaria que estava mentindo, talvez pensaria que se eu estivesse realmente apaixonado já teria dito há muito tempo, deixei para ligar no outro dia e acabei não ligando também, resolvi que iria convidá-la para almoçar, ou quem sabe pegar um cinema, mas, não por telefone queria que ela soubesse o que eu estava sentindo olhando em seus olhos.
Na segunda-feira enchi o peito de coragem e decide que quando ela entrasse no ônibus e se sentasse eu diria tudo a ela, porém, naquele dia o motorista não parou onde ela costumava estar. Havia mais de meses que pegávamos ônibus juntos e ela nunca deu o cano no trabalho, aquele dia não foi tão legal fiquei pensando nela o dia inteiro. Cheguei em casa, corri para o meu quarto, peguei o telefone e liguei para sua casa:
- Alô!
- Quem ta falando –perguntou uma voz tristonha.
- É o Julio, poderia falar com a Paula, por favor?
- Você é o Julio que sempre pega o ônibus com ela –perguntou-me surpresa.
- Sim, senhora, ela está?
A senhora do outro lado da linha calou-se por alguns instantes e, engolindo a seco me disse:
- Julio, minha filha falou muito bem de você, disse-me que é um rapaz bonito, educado e que havia conquistado seu coração, me contou também que estava apaixonada por ti.
- Eu também estou apaixonado por ela –repliquei todo contente –e onde ela está, será que posso falar com ela?
- Não!
- Não, mas, por quê?
- Ela nos deixou... foi para um mundo melhor, sabe, Julio, talvez se você tivesse ligado antes e a convidado para ir ao cinema, ou quem sabe para jantarem juntos, ela não teria saído com as amigas e aquela bala perdida jamais teria atingido a minha filha...
Eu me desesperei. Senti-me culpado. Realmente não sabia o que fazer, não sabia se desligava o telefone ou se consolava a pobre senhora, mas ela com muita experiência de vida me propôs uma coisa que me tirou daquela saia justa:
- Filho, não se culpe pelo que aconteceu e vá se deitar porque eu já me conformei!
Em seguida desligou o telefone sem me dar direito de respostas, mas, também o que eu poderia dizer se também estava arrasado?

Mesmo com o passar do tempo eu não a esqueci, aonde vou penso naquele rostinho lindo, aquele sorriso iluminado, aquele perfume que nunca mais senti o cheiro. Hoje carrego nossos pequenos instantes juntos em meus pensamentos, porque o meu maior sofrimento é tentar fazer a cabeça esquecer aquilo que meu coração lembra a todo instantes...

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Marcos Lopes

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quero-te


Ao Feijão e à Renata; Que o Amor esteja sempre no coração de vocês.
Quero-te mais que tudo nesta vida... Desde que eu soube da tua existência, desde o primeiro Instante que vi seus olhos chamejarem alegria sob os meus, me apaixonei. Soube De imediato que tu serias o anjo que entraria em minha vida e transformaria Minha agonia em êxtase supremo. Quero que tu fiques ao meu lado mesmo Quando estivermos longe um do outro, mesmo que os dias sejam difíceis, Mesmo que não possamos nos ver todos os dias. Desejo que fiquemos juntos!

Quero que tu sejas o sol que alegra minhas manhãs solitárias, que tu sejas a Fonte de minha vitalidade e que sejas o porto seguro de minhas esperanças quando eu não tiver mais em nada.
Quero que o tempo passe, descomedidamente, depressa quando nossos corações estiverem distantes, para que quando nossas mãos se acharem no acaso da vida, juntinhos, possamos tocar as estrelas com o laço da felicidade que Unem nossas almas.
Quero tudo na vida, porém, quando a serenidade do teu olhar penetrar minha alma errante, apenas te quero.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ao Albert com Carinho


Ser pobre, preto e favelado deste lado de cá da ponte não é tarefa para qualquer um; tem que ter a flexibilidade do corpo e da mente trabalhando lado a lado o tempo todo, o olhar deve ser submisso e as atitudes devem ser moderadas. Pôr a mão no bolso pra sacar o documento que, supostamente deveria ser a identificação de cidadania, nem pensar, tentar comprar um colchão num dos maiores comerciantes do Brasil então... Nossa Senhora, é pedir pra morrer. Alberto era assim; preto, pobre, favelado e morava no Parque Santo Antônio. Era um menino de coração nobre, cresceu no meio da malandragem como tantas outras crianças, porém, nunca se envolveu, exceto quando era para aconselhar os manos para saírem daquela vida louca.
Embora tenha estudado muito, nunca parou para pensar em fazer um curso superior, dizia saber a importância do estudo, mas, para o que almejava na vida a Faculdade era dispensável, queria ser vendedor, ter sua própria loja e vivia dizendo que o mundo o conheceria, mas foi de uma forma triste... Quando as atitudes daquele homem covarde, que atirou contra o Alberto, foram questionadas, a resposta daquele que deveria servir seus cliente foi; a segurança é terceirizada. Agora, imaginem se um civil jogasse uma bomba naquele estabelecimento! Ele poderia alegar que a bomba também era terceirizada?
Alberto estava feliz em poder fazer um crediário e comprar um colchão, já que o que possuía estava velho demais, entretanto, não pôde levá-lo para casa, pois, a mão assassina e a mente incapaz de raciocinar, apertaram em cumplicidade, o gatilho vil que abreviou a vida daquele que somente queria comprar. Alberto caiu segurando, vitorioso, graças ao suor do seu rosto, a nota fiscal. Alberto não mais poderá ver seu sonho realizado, não poderá ver seu filho saltitar feliz em cima do colchão novo. No próximo mês a fatura chegará à sua mulher e se ela não pagar terá o seu nome inserido ao SPC e uma mulher chata ficará ligando todos os dias lhe cobrando a divida. A má capacitação e a desconfiança do segurança rondavam o menino que não ostentava no corpo uma grife de roupa famosa.
Talvez se Alberto estivesse com um terno “Ricardo Almeida”, seria carregado nos braços até a sobre-loja, seria bem recebido e até café lhe serviriam, mas, infelizmente, ser pobre, preto e favelado deste lado de cá da ponte não é tarefa fácil para qualquer um.

domingo, 12 de outubro de 2008

Zona de Guerra


Como se tudo na vida não fosse por acaso, o personagem central deste romance se vê angustiado quando a vida se bifurca e seus amigos pegam atalhos para chegar à satisfação pessoal do ego assolado pela sociedade repressora. Inconformado com a realidade em que vive tenta mudá-la de uma maneira inteligente, porém, o Sistema com o seu sistema de alienação o faz parar...

Em meados dos anos noventa, época em que o Parque Santo Antônio era considerado o bairro mais violento da zona sul de São Paulo, época, em que os profissionais da educação ainda amavam o que faziam e, que estudar, era gratificante, nasce um grupo de amigos que mudariam todo o contexto daquele bairro homicida.

O “Zona de Guerra” é a representação gráfica do que foi a violência naquele submundo esquecido por Deus. O livro ainda denuncia, em suas entrelinhas, o abandono daqueles que estão à margem e que são violentados em todos os seus direitos; o povo brasileiro. Vale a pena você aguardar para ler este intrigante romance nascido das reminiscência de Marcos Lopes , O Nene

Marcos Lopes

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sonhos


A vida só é real
quando nos apresentamos
Ao que antes er´irreal"
Jamais imaginei que um dia pudesse estar tão próximos dos meus heróis. Não me refiro a estes que vemos diariamente na tevê, estes que, na vida real, fogem quando ouvem o primeiro disparo de uma 380, ou quando vê uma criança esmolando fecham os vidros dos blindados. Não. Estes não são heróis nem de brinquedo. Me refiro a personagens reais como a Tia Dag e o Ferréz.
Nem Batman, sequer Super-man, tampouco Homem Aranha, imagine Juvenal Antena fazem, fariam, ou fizeram o que esses dois fizera por mim; apresentaram-me o caminho justo para não ser injusto como os hOMENS que pedem justiça.
Tia Dag e Ferréz são os meus heróis.
Marcos Lopes

Meus Heróis













Tia Dag e Ferréz, meus heróis. Ela me apresentou a oportunidade de ver, agir e mudar
Ele, indiretamente, me fez ler, estudar e crescer. Obrigado vocês sempre serão meus HERÓIS

terça-feira, 15 de abril de 2008

Queria dizer que te amo

Queria dizer que te amo

Queria dizer que te amo, que sem você eu não vivo.
Que tu és o amor eterno da minha vida, porém, estaria sendo leviano, não contigo, mas, comigo, pois, não sei se este sentimento ainda existe dentro de mim.
Refiro-me ao amor, pois, o outro sentimento que não sei descrever com palavras é verdadeiríssimo.
É um sentimento que vai além de das forças que dizem ter o amor, vai além da idealização de um rostinho bonito, vai além de querer olhar belas pernas e acariciar cabelos sedosos.
O que sinto por ti, aparentemente, é algo que os tolos chamariam de amor, os irracionais de paixão e os sábios sequer conseguiriam pôr, numa morta folha de papel, uma só palavra que aqui escrevo.
Os poetas chamariam de amor platônico.
Os eclesiásticos achariam que estou possuído e mandar-me-iam para a fogueira.
Meu coração emudece por não saber o que leva dentro dele.
Minha mente desatina por não mais saber diferenciar o Mau do Bom.
O Feio do Belo.
O Frio do Quente.
A Vida da Morte...
Se existir alguma palavra que substitua o majestoso amor, que os humanos julgam tão belo, mas, que pra mim só trouxe dor e sofrimento, vá em busca dela...
Só assim descobrirá o que sinto por ti, vá atrás da última estrela do céu e descubra se o que sinto por ti é amor ou uma mera ilusão.
Busque nos lábios de outrem os inocentes sorrisos que lhe dôo sem nada querer em troca, procure nos olhos mais sinceros a minha sinceridade, procure no olhar mais sereno o calor de minh´alma .
Se encontrares, serei abdicado da sua vida assim como será da minha, mas, sempre serei o seu sonho bom. Serei o calor que aquece seu corpo. Chorarei suas lágrimas e sorrirei os seus risos.

Queria dizer que te amo.
Mas este sentimento é fraco perto deste que nutro por ti.
O amor é apenas uma formiguinha correndo desesperadamente em busca de socorro e o que sinto por ti é um Leão em busca da sua presa favorita. Este sentimento voraz que me devora a alma não tem cor, nem cheiro e nem nome.
Talvez um dia o homem deveria conhecê-lo, assim, quem sabe, ele aprenderia a valorizar as pessoas como seres humanos assim como eu a valorizo.
Um rostinho bonito é a rosa que desabrocha na primavera. O amor morre no Outono e eu... Eu queria dizer que te amo.

O sentimento do homem é, por vezes, extremamente contraditório o que não explica a confusão que faz dentro de si ao confundir o “querer bem” com “amor” deixando-se levar pela brisa ilusória de querer compartilhar sua alma com a pessoa amada. Desculpe-me por não conseguir dizer...
Mas queria dizer que te amo.

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Marcos Lopes

sábado, 19 de janeiro de 2008

Momento Mágico

A fila do cinema estava enorme, dava quase duas voltas no pipoqueiro. Soltei a mão de minha namorada e fui comprar um sorvete para passar o tempo. Não sei se devo amaldiçoar aquele momento ou se devo dar graças ao Pai Celestial.
Sai duma fila para entrar noutra embora a do sorvete estivesse menor eu não gostei nada do que vi; a mulher que mais amei neste mundo sorria ao lado de outro. Fiquei sem ação, não sabia se partia pra cima do cara , se chorava, se corria, se gritava...
Uma vertigem se apossou de mim de tal maneira que meus pensamentos tornaram-se uma poça de lembraças, uma nuvem negra passou por minhas vistas, não enxergava nada e ninguém que não fosse os dois, senti uma fisgada no peito e senti que cairia se não me sentasse na cadeira que estava ao meu lado, baixei a cabeça e ali fiquei.

Como ela estava linda, seus cabelos ainda continuavam sedosos e seu perfume não mudara, suas mãos macias e delicadas agora possuiam, em um dos dedos, uma bela aliança, seu rosto era de mulher crescida, porém, não perdera a expressão de menininha no sorriso.
Momentos de felicidades tumultuaram minha mente fazendo bailar em meus lábios um sorriso-choroso.
Seria ela feliz? Torcia para que sim. Perguntas como estas envolveram-me num desespero fulminante, tentei levantar mas minhas pernas pareciam estar pregadas no solo, olhei para ela e notei que agora estava calada, não sorria como fazia a alguns minutos atrás, será que me vira? Não sei.

Quando nos conhecemos, ela era apenas uma garotinha de dezessete aninhos, eu, um cavalo de vinte e três. Apesar da diferença etária ser gritante éramos felizes e parecia que nada nos atingiria, nada no mundo nos separaria, pois, achava eu que aquilo que ela demonstrava sentir por mim era amor, que ingenuidade minha, onde já se viu uma garota de dezessete anos saber o que é amar.
Quantas vezes dissera que me amava, que não viveria sem mim, que eu era o amor eterno de sua vida? Inúmeras foram as vezes. Agora, olha lá onde ela está; envolvida nos braços de outro. Aprendi, com este relacionamento, que não se deve amar somente com palavras, amar é mais que dizer “amo você”. Amar é querer que o outro seja feliz independente se você estará ou não, amar é querer estar juntinho em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins, amar é saber ouvir e compreender, amar é desejar a liberdade do outro para que juntos possam conquistar o Universo...
Queria neste momento explicar o que eu sentia por aquela pequena, mas quem foi que disse que o amor é para ser explicado? O amor é para ser sentido, vivido. Quisera uma vez, quando criança, voltar no tempo para resgatar tudo aquilo que deixei de fazer, tudo aquilo que impedi que acontecesse mas, naquele instante, eu não queria voltar, não, afinal, realizei com ela sonhos que jamais imaginei que um dia pudesse realizar; estar apto a amar, voltar a sorrir, ser feliz, mesmo que tenha sido por instantes, foi um dos sonhos que realizei.

Por um momento o namorado dela saiu, e nossos olhos se encontram, os dela não tinham mais aquele brilho dantes, os meus faiscavam, não sei dizer se de felicidade ou se de tristeza, afinal, o que haviamos sentido e feito um pelo outro no decorrer de nossa história, agora, fazia parte de um passado longínguo.
Ela sorriu e acenou com uma das mãos, sentiu-se envergonhada ao notar que eu havia percebido que usava aliança, correspondi com um singelo balanço de cabeça e voltei os olhos cheios d´água para baixo. O asqueroso namorado voltou e ela o tratou com certa indiferença; não quis beijá-lo, seria por que eu estava ali? Pudera, afinal, ela sempre me respeitou. Notando minha presença ele ameaçou ir embora, ela não insistiu que ficasse e o cidadão acabou voltando. Sorri, lembrei o quão eram divertidas nossas discussões; brigávamos e depois ríamos de nossas infantilidades. Todas as pessoas, por mais velhas ou sérias que sejam, guardam um pouco de criança dentro de si, quando esta criança deixa de existir nós também deixamos. As rugas que hoje denunciam a minha idade não é sinônimo de velhice e sim de que a maturidade chegou.
A fila diminuia quando resolvi levantar e ir para outro canto, não era a minha inteção deixar o pequeno constrangido e, nem tampouco, fazê-los discutir, sou um homem pacífico, sensato, de paz com a vida e com todos, jamais me exporia ao ridículo de ficar ali e esperar aquele “moleque” vir se quixar de que sua namorada não tirava os olhos de mim...
Por um momento senti minhas pernas tremerem e se eu não fechasse a boca, talvez, meu coração sairia por ela, aquele instante mágico me fez lembrar o quanto fui feliz, o quanto amei aquela doce e simpática mulher... não, na verdade, eu não amei aquela doce e simpática mulher, afinal eu não a conhecia, amei, sim, a garota que se escondia por de trás dela, amei a garota ingênua que aquele sorriso nostálgico ocultava, amei a garota que trazia sinceridade no olhar e pureza na voz. Infelizmente aquela mulher que ali estava não era o anjo que um dia passou em minha vida, não era o anjo que, em questão de segundos, modificou meu viver...

Ao sair notei que olhos tristes ainda me fitavam, que acampanhavam meus passos solítários, talvez dentro do coração daquela senhorita ainda restasse a chama voraz da paixão.
Sorri feliz ao descobrir que não devemos, jamais, procurar nossa felicidade nos outros, pois, ela está dentro de cada um, somos nós os únicos responsáveis por sermos ou não felizes. Alegrei-me ao perceber que meu coração ainda pulsava e que não era tarde para amar novamente. Corri para a fila do cinema, onde estavam me esperando minha namorada e meu filho, dei um forte abraço nos dois e adentramos para asisitir “Deu a louca na Chapéuzinho”.

By Marcos Lopes

Por Trás de Uma GRANDE MULHER 1º Parte

Sempre tive tudo para dar errado com as mulheres; baixinho de óculos fundo de garrafa, magricela, cabelos ruins, ou seja, sempre fui um cara feioso. Trabalhava como ajudante de pedreiro, fedia a cimento mas, nos fins de semana, me arrumava, ficava bonitinho, e saía com os colegas que, assim como eu, também eram feiosos, para gastarmos nosso dinheirinho suado do mês inteiro. As festas que nós íamos eram bem animadas, havia inúmeras garotas, uma mais linda que a outra, mas nunca deram bola para mim, talvez nunca notaram que eu existia, no fim todas saíam com caras que tinham carro, moto e além de tudo... Eram bonitos, uma qualidade que eu nunca tive, me sentia um patinho feio.Uma vez estava voltando sozinho de uma dessas festas que costumara a freqüentar, quando avistei um carro com os piscas alertas aceso, ali estava meu futuro, pressupus que estava com problemas e resolvi ajudá-lo. Após ter feito minha boa-ação noturna, consegui uma carona até minha casa, até que o camarada era legal, me disse que morava a dois quarteirões dali e que nunca havia me visto.- Deve ser por que eu saio para o trabalho cedo e só volto bem à noite – respondi, ele permaneceu em silêncio e antes que eu descesse do carro me fez um convite:- Topa ir numa festa Sábado à noite?- Claro! – respondi superempolgado.Ah!! Como aquela semana foi demorada, parecia que o tempo não passava. Na festa ele me apresentava para todos como seu parceiro, seu camarada do peito, era como se já me conhecesse á um tempão, as garotas o beijava, e por incrível que pareça, elas me beijavam também. Meus olhos se derreteram quando avistei Juliana, uma morena de cabelos sedosos e olhos de esmeralda me fascinou, meu corpo estremeceu por completo quando notei que ela se aproximava de nós, ao nos cumprimentar, senti seu hálito suave tocar em minh’alma, mas minha felicidade durou pouco, caí na real, o que me doeu foi quando ela pegou na mão do Juvenal – o amigo que me levara a festa – e saiu arratando-o para conversarem a sós.Fiquei ali, parado segurando o muro, por uns vinte minutos, e quando ele voltou, seu sorriso abanava as orelhas e, ainda pra acabar com a minha noite, veio me contar piadas:- Falei com a Juliana!- E daí?O que tenho eu a ver com isso?- Ela quer falar com você, disse que te achou mó gatinho e quer falar contigo, vai lá, homem!.Foi instantâneo, comecei a rir, mas ri tanto que lágrimas saltaram dos meus olhos, só acreditei quando aquela beldade pegou em minha mão e saiu me arrastando.- Meu Deus – pensei comigo – Se isso for um sonho que não me acorde jamais! Pela primeira vez em minha vida aquilo estava acontecendo, a não ser minha mãe e minha irmã jamais havia segurado a mão de uma garota, ainda mais, uma garota como Juliana. Finalmente estava acontecendo, sim, estava acontecendo de verdade, não era sonho não.Vou te revelar um segredo... Juliana foi a primeira e também única garota com quem fiz amor. Isso, pode rir à vontade não tem problema, não. Depois daquele dia passei a andar usando as mesmas roupas que Juvenal, desembolsei uma grana que guardava e comprei umas roupas bacanas mas, meu salário não dava para comprar tantas coisas, sapatos, relógios de marca, pra dizer a verdade, não dava nem pra comer. Fazia algum tempo que eu e a Jú estávamos saindo, ela sempre queria ir a lugares chiques como, shopping, baladas caríssimas, tinha vergonha de dizer a ela que eu era um simples ajudante de pedreiro e que não tinha tanto dinheiro assim como ela pensava. Meu pai passou a vida inteira me dizendo que tudo que vem fácil vai fácil. Meses depois abri o jogo com a Jú, passado alguns dias ela me deu um pontapé, eu estava apaixonado, me desesperei, não sabia o que fazer. Comentei com Juvenal o que aconteceu...Numa certa tarde ensolarada de Domingo, vi minha Juliana aos beijos dentro de um carro com um bonitão, eles pareciam tão apaixonados, me senti humilhado, minha vida acabara ali... Nunca mais pus a cara no trabalho, não tinha estudo, mal sabia escrever meu nome, o que eu poderia ser na vida a não ser um bandido?
Continua...

Por Trás de uma GRANDE MULHER 2º Parte

Foi o que aconteceu. Juvenal me apresentou uns caras da pesada que tinham tudo aos seus pés, dinheiro, carro, moto, roupas, sapatos e relógios de marca, era tudo que eu precisava para ter minha querida e amada Juliana de volta.A não ser minha colher de pedreiro a pá e a enxada para virar a massa, eu nunca havia segurado uma arma antes. O dia ainda amanhecia quando Juvenal foi me pegar em casa, ali, dentro do carro, ele me deu uma arma, minhas mãos tremiam me deu vontade de descer daquele maldito carro e sair correndo para meu trabalho, procurar uma escola e quem sabe ser alguém na vida, mas... Naquele momento já era tarde, eu havia me sentenciado, assinei um contrato com o Demônio, Juvenal parecia não ter medo de nada, paramos o carro ao lado de uma viatura e ele nem se importou. Eu? Eu quase desmaiei, se pudesse desistiria.Rendemos o segurança da casa e entramos pela cozinha, até que chegamos em uma boa hora, todos estavam tomando o café da manhã, e que café, queria eu ter um banquete daquele todos os dias! Bom, uma das partes mais difíceis nós já havíamos feito, que fora entrar, pra sair não foi tão difícil assim. Já estávamos nos retirando, pelo mesmo lugar que entramos, quando o chefe da casa resolveu pegar uma faca e vir atrás de nós, eu que estava por último percebi a ação dele, virei-me rapidamente e apontei a arma na direção de sua cabeça... Juro que não foi por querer, minhas mãos estavam tremulas e... Acabei atirando contra aquela bendita alma. Que Oxalá a tenha! Juvenal não deixou que eu comprasse nada a princípio, achava que a policia poderia desconfiar e nos prender, mas não agüentei muito tempo e meses depois podia dizer que estava satisfeito, já podia andar sem camisa exibindo minhas correntes de ouro, meu relógio de dois mil e pouco reais, meus tênis com amortecedores embaixo, meu carro e sem falar nas namoradinhas que eu descolava quando saía para as festinhas. Não, eu não deixei de freqüentar as antigas, continuava indo sempre nas mesmas, mas meus antigos amigos não queriam muito contato comigo, sentiam-se ameaçados, mas quem ligava para aqueles Zé-ruelas que não pegavam ninguém? Tá vendo esta tatuagem aqui? Sim, está letra japonesa, é a inicial do nome da Jú.Algumas vezes a vi olhando para mim, outro dia até sorriu, acho que ela gosta de mim. Ela se faz de durona, mas já ouvi alguns comentários a respeito.Eu te falei que meu pai não fala mais comigo? Pois é, ele descobriu tudo, pegou uma arma e um baseado em baixo do meu colchão, homem igual aquele não existe, apesar de eu estar numa vida errada ele nunca jogou piada ou me mandou embora de casa, mas sempre deixou claro que não queria policia na porta da sua casa, eu sempre respeitei. Eu e a Jú voltamos, ela pediu que eu não ficasse com mais ninguém a não ser com ela, agora sim eu podia levá-la ao shopping, comprar todas as roupas que ela quisesse, as garotas do bairro a invejavam, queriam estar em seu lugar, eu era o REI e Juliana deixou de ser beldade para ser minha RAINHA, era coroada com as mais belas jóias, lhe dei um anel de brilhante e a pedi em casamento.Meu pai nunca aceitou uma só moeda que viesse de mim. Eu, Juvenal e os outros ambiciosos passamos a roubar cargas de cigarros, remédios... Meu Senhor Jesus! Eu nunca imaginei que um dia eu poderia ter tanto dinheiro assim. Outro dia minha mãe me disse que um daqueles Zé-ruelas iria se formar professor, o outro mané seria engenheiro, e o outro estava noivo, grande merda, respondi a ela, Tô nem aí, pra esses Zé-ruelas.
Continua...

Por Trás de Uma GRANDE MULHER última parte

Minha vida... Isso sim que é vida, ficar o dia inteiro com a mulher que eu amo, gastando dinheiro no shopping, nos cinemas, nos parques de diversões como playcenter, Hopi-Hari e naquele ano nós iríamos, talvez, para Disney eu não queria, mas era o sonho da Jú um dia conhecer a Disneylândia, eu era o cidadão mais feliz da Terra e ela era a mulher mais feliz do universo.Hei homem, não precisa babar, não! Relaxa! Quer um café? Bom, meu último assalto... Meu último assalto foi lamentável, Juvenal morreu trocando tiros com a policia, os outros dois, quando foram presos foram encontrados enforcados na cela, dizem que eles se mataram, mas sabe como é, né? Pra ser sincero não acredito nisso. Eu fui o mais esperto, consegui escapar, sempre fui bom nas brincadeiras de esconde-esconde. Você dá risada, né seu panaca? Olha que te mando embora hein! Brincadeira, mané não precisa arregalar estes zóião, não.Meu pai... Depois que entrei para a vida errada nunca mais nos falamos, ele morreu sem que nos falássemos pela última vez, não estou chorando! Pára de me olhar assim, porra! Juliana me esqueceu, minha mãe disse que ela está com outro agora, disse que quando passa na rua nem se quer pergunta de mim, talvez já me esquecera, talvez esquecera de tudo que passamos juntos, de nossas noites nas mais belas praias, dos hotéis luxuosos ao qual fizemos amor pela primeira vez, da nossa viajem ao Walt Disney, e a aliança que eu lhe dera, será que jogou fora, será que ainda se lembra que somos noivos? Meu Deus! O que eu fiz da minha vida? Dr. Fernando me tire daqui, por favor! O Sr. é o melhor advogado que minha mãe pôde pagar, eu preciso sair deste lugar.Minha mãe disse que os Zé-ruelas conseguiram se casar, se mudaram lá do bairro, disse que o mais mané de todos comprou um apartamento para sua mãe e se casou com a filha de um promotor de justiça, o outro foi para Nova Iorque, o outro dá aulas numa Universidade renomada e o mais esperto... O mais esperto encontra-se privado de sua liberta. Ajude-me Dr. Fernando, por favor, me ajude By Marcos Lopes

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A carta

A carta

Minhas mãos tremem ao escrever o que deveria ser uma carta de amor ou, quem sabe, um amor de carta, afinal, tudo em minha vida é incerto.
Anjo, se não a tenho por perto o sol não aparece, as estrelas não brilham e a Senhora Lua já não é mais a inspiração dos meus poemas.
Dentro do meu peito existe uma cratera cuja extensão é do tamanho da cidade de tristezópolis; lugar onde as pessoas mais felizes são tristes.
Escrevo justamente para lhe informar que estou de mudança pra lá a convite de um amigo e acredito que serei muito bem-vindo.
Soube, por meio deste amigo, que a prefeita da cidade, a Paixão, foi acusada de traição e por isso está exilada em alegrolância, distinta capital do lugar para aonde vou, me parece que ela sorria enquanto alguém chorava. Corre o boato que o Amor, então prefeito de alegrolândia, a influenciou.
Em tristezópolis as pessoas andam de cabeça baixa, sempre chorando, lamentando-se da vida. Todos se entendem por lá, pois, ninguém fala com ninguém. O Amor uma vez passou por lá, mas, a Intriga, a delegada de polícia da cidade, o expulsou alegando que ele causava mal às pessoas, prometia fazê-las felizes, levá-las ao encontro do Sr. Nirvana mas nunca cumpria suas promessas, indo embora sem ao menos dizer adeus. Ninguém entendia o por quê do Amor enganar tanta gente, então a delegada o seguiu e viu que ele conversava às escondidas com a Prefeita Paixão e com sua vice, a Efemeridade, duas corjas que queriam governar a cidade para colocar, como seu representante, o Sofrimento.
Quando o Amor voltou a transitar na cidade todas as pessoas, acompanhadas com seu líder, o Ódio, o puseram pra correr e nunca mais o Amor apareceu por lá. Já a prefeita e sua vice optaram em ir para Alegrolândia deixando o cargo para a Saudade. Estou lhe contando como é a cidade para onde vou que é justamente para você saber que lá a Enganação não existe, a Mentira ficou com a perna curta ao descobrirem que ela faltou com a Verdade, a Injustiça perdeu o mandato e agora age em outro lugar. A Realidade... Ah! Essa dona Realidade é, ainda, apenas um sonho porque as pessoas preferem acreditar naquilo que dizem aos seus ouvidos do que naquilo que seu coração manda acreditar.
Bom! Despeço-me por aqui, pois, tenho que fazer as malas, não que elas não venham feitas da fábrica, enfim, dispense este detalhe, pois, só lhe expliquei porque sei que a Incompreensão está ao seu lado lendo esta carta.
Um dia, quem sabe, eu não visite você ai em Ilusionópolis, afinal somos quase conterrâneos agora...

By Marcos

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ironia da Paixão

À Bruna do Carmo, minha amiga.

Mais um dia de segunda-feira, o relógio despertou cedo era hora de ir para o trabalho, levantei-me da cama com uma ressaca danada; Domingo enchi a cara com os meus colegas, pois, fomos ao casamento de um amigo de infância. Fui para o banheiro e tomei um banho gostoso, estava animado, mas, não sabia o motivo de tanta animação, afinal, teria que trabalhar. Naquela manhã eu cantei, dancei, gritei, pulei, realmente estranhei meu comportamento. Tudo bem. Penteei os cabelos como nunca havia penteado, até uma fragrância francesa que nunca havia usado antes eu usei e coloquei minha melhor grava, sentei-me para o café da manhã, minha mãe também estranhou meu comportamento e chegou a perguntar se eu havia usado algum tipo de drogas na noite anterior, eu dei risada sozinho, então parei. Fiquei sem graça de repente e logo em seguida uma felicidade inexplicável tomou conta de mim, levantei-me da cadeira, peguei minha pasta, dei um beijo duradouro em minha mãe e sai correndo para o trabalho.
É... Naquele dia eu estava realmente estranho porque ainda era sete horas da manhã e eu entrava as nove no serviço, gastava apenas trinta minutos da minha casa ao escritório. Parei no ponto de ônibus, cumprimentei todos que estavam ali e, logo veio meu ônibus, estava cheio e só restavam dois assento que certamente foram reservados para mim e minha pasta. Sentei-me. Logo o ônibus fizera uma parada, ah! Nunca mais esqueci aquela parada.
Uma bela garota de olhos claros, cabelos longos e loiros, entrara no coletivo, em toda a minha vida eu nunca havia visto alguém tão belo. Meus olhos, inexplicávelmente, fixaram-se naquela escultura humana. Havia um assento ao meu lado e rapidamente tirei a pasta e foi justamente nele que ela sentou, não trocamos uma só palavra, mas, foi inevitável que ficássemos nos olhando. Não acreditei que aquela garota estava olhando pra mim. E assim foi durante algumas semanas...

Sempre pegávamos o mesmo ônibus, sentávamos no mesmo banco, mas, descíamos em pontos diferentes e nunca trocamos uma só palavra. Eu sempre levava o número do meu telefone no bolso da camisa, mas, nunca tive coragem de lhe entregar, depois daquela manhã inesquecível meu desempenho no trabalho melhorou, passei a andar mais elegante, vivia sorrindo por qualquer coisa, eu estava apaixonado...
Não sei o por quê, mas, as garotas do meu trabalho passaram a me olhar diferente, me convidavam para coquetéis, festas, até convite para almoçar em suas casas eu recebia. Passei a odiar sábados domingo, e feriados.
Ah! Que maravilha foi aquele tempo. Eu não esquecia aquela garota um só minuto, pensava a todo instante naquele rostinho lindo e meigo, aquele perfume que muitas vezes me levara ao céu e, quando percebia que nunca poderia tê-la, este mesmo cheiro trazia-me o gosto amargo da realidade opressora, aquela roupa social que ela usava, aquele maravilhoso cabelo que o vento soprava em minha face... Que loucura!
Num belo dia chuvoso, eu bem vestido, como sempre, naquele assento frio do ônibus, com os cabelos bem penteados, o motorista fez uma de suas paradas, era a parada que eu mais gostava, lá vinha ela; com um rebolado sensacional, seus tamancos faziam um som no assoalho do ônibus que parecia acompanhar a batida do meu coração. Ao sentar-se ao meu lado a bolsa dela caiu e eu, rápido e preciso, baixei-me para pegá-la, ao entregar-lhe recebi um belo sorriso de gratidão, aquilo foi demais, eu também arreganhei um belo sorriso e ficamos nos olhando, cheguei a descer um ponto depois do que eu costumava descer só para contemplar um pouco mais a sua beleza.
No dia seguinte ela entrou e sorriu pra mim, meu coração galopou em meu peito, estufei-o e disse:
- Bom dia!
- Bom dia – respondeu ela muito sorridente.
Ai meu Deus! Aquele foi o “bom dia” mais gostoso que eu ouvi em toda minha vida, timidamente puxei conversa, ela muito tímida respondia somente o necessário, perguntei tudo que queria saber ao seu respeito, o melhor de tudo era que ela não tinha namorado, eu era o homem mais feliz do mundo, seria capaz de trocar tudo que conquistei ao longo dos anos por um beijo, ou até mesmo por um simples abraço, mas, tinha que me contentar apenas com a sua presença que, pra mim, já era o suficiente, mas, o suficiente não é e nunca será o bastante. Comentei com minha mãe e ela ficou super feliz por mim. Um certo dia eu resolvi esperar o ônibus até mais tarde para ver se conseguia voltar para casa com ela, mas, foi lamentável, esperei até às vinte horas e nada, fui para casa de táxi.
Numa sexta-feira anotei o número do meu telefone e estava disposto entregar poém, mais uma vez acabei não entregando, ela como sempre, toda simpática me deu um “bom dia” e, em seguida, perguntou o meu nome, eu respondi gaguejando, ela disse o seu sorrindo, criei coragem e pedi o seu telefone, ela fez uma carinha dócil, pôs suas mãos delicadas dentro da bolsa e me entregou um desses cartões de visitas, nossa! Que alegria eu senti naquele momento.
Noutro dia eu ligaria, mas, não sabia o que dizer, fiquei treinando, passei horas e horas andando pra lá e pra cá pensando o que dizer. Diria que estava apaixonado? Não, senão pensaria que estava mentindo, talvez pensaria que se eu estivesse realmente apaixonado já teria dito há muito tempo, deixei para ligar no outro dia e acabei não ligando também, resolvi que iria convidá-la para almoçar, ou quem sabe pegar um cinema, mas, não por telefone queria que ela soubesse o que eu estava sentindo olhando em seus olhos.
Na segunda-feira enchi o peito de coragem e decide que quando ela entrasse no ônibus e se sentasse eu diria tudo a ela, porém, naquele dia o motorista não parou onde ela costumava estar. Havia mais de meses que pegávamos ônibus juntos e ela nunca deu o cano no trabalho, aquele dia não foi tão legal fiquei pensando nela o dia inteiro. Cheguei em casa, corri para o meu quarto, peguei o telefone e liguei para sua casa:
- Alô!
- Quem ta falando –perguntou uma voz tristonha.
- É o Julio, poderia falar com a Paula, por favor?
- Você é o Julio que sempre pega o ônibus com ela –perguntou-me surpresa.
- Sim, senhora, ela está?
A senhora do outro lado da linha calou-se por alguns instantes e, engolindo a seco me disse:
- Julio, minha filha falou muito bem de você, disse-me que é um rapaz bonito, educado e que havia conquistado seu coração, me contou também que estava apaixonada por ti.
- Eu também estou apaixonado por ela –repliquei todo contente –e onde ela está, será que posso falar com ela?
- Não!
- Não, mas, por quê?
- Ela nos deixou... foi para um mundo melhor, sabe, Julio, talvez se você tivesse ligado antes e a convidado para ir ao cinema, ou quem sabe para jantarem juntos, ela não teria saído com as amigas e aquela bala perdida jamais teria atingido a minha filha...
Eu me desesperei. Senti-me culpado. Realmente não sabia o que fazer, não sabia se desligava o telefone ou se consolava a pobre senhora, mas ela com muita experiência de vida me propôs uma coisa que me tirou daquela saia justa:
- Filho, não se culpe pelo que aconteceu e vá se deitar porque eu já me conformei!
Em seguida desligou o telefone sem me dar direito de respostas, mas, também o que eu poderia dizer se também estava arrasado?

Mesmo com o passar do tempo eu não a esqueci, aonde vou penso naquele rostinho lindo, aquele sorriso iluminado, aquele perfume que nunca mais senti o cheiro. Hoje carrego nossos pequenos instantes juntos em meus pensamentos, porque o meu maior sofrimento é tentar fazer a cabeça esquecer aquilo que meu coração lembra a todo instantes...

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Marcos Lopes

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quero-te


Ao Feijão e à Renata; Que o Amor esteja sempre no coração de vocês.
Quero-te mais que tudo nesta vida... Desde que eu soube da tua existência, desde o primeiro Instante que vi seus olhos chamejarem alegria sob os meus, me apaixonei. Soube De imediato que tu serias o anjo que entraria em minha vida e transformaria Minha agonia em êxtase supremo. Quero que tu fiques ao meu lado mesmo Quando estivermos longe um do outro, mesmo que os dias sejam difíceis, Mesmo que não possamos nos ver todos os dias. Desejo que fiquemos juntos!

Quero que tu sejas o sol que alegra minhas manhãs solitárias, que tu sejas a Fonte de minha vitalidade e que sejas o porto seguro de minhas esperanças quando eu não tiver mais em nada.
Quero que o tempo passe, descomedidamente, depressa quando nossos corações estiverem distantes, para que quando nossas mãos se acharem no acaso da vida, juntinhos, possamos tocar as estrelas com o laço da felicidade que Unem nossas almas.
Quero tudo na vida, porém, quando a serenidade do teu olhar penetrar minha alma errante, apenas te quero.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ao Albert com Carinho


Ser pobre, preto e favelado deste lado de cá da ponte não é tarefa para qualquer um; tem que ter a flexibilidade do corpo e da mente trabalhando lado a lado o tempo todo, o olhar deve ser submisso e as atitudes devem ser moderadas. Pôr a mão no bolso pra sacar o documento que, supostamente deveria ser a identificação de cidadania, nem pensar, tentar comprar um colchão num dos maiores comerciantes do Brasil então... Nossa Senhora, é pedir pra morrer. Alberto era assim; preto, pobre, favelado e morava no Parque Santo Antônio. Era um menino de coração nobre, cresceu no meio da malandragem como tantas outras crianças, porém, nunca se envolveu, exceto quando era para aconselhar os manos para saírem daquela vida louca.
Embora tenha estudado muito, nunca parou para pensar em fazer um curso superior, dizia saber a importância do estudo, mas, para o que almejava na vida a Faculdade era dispensável, queria ser vendedor, ter sua própria loja e vivia dizendo que o mundo o conheceria, mas foi de uma forma triste... Quando as atitudes daquele homem covarde, que atirou contra o Alberto, foram questionadas, a resposta daquele que deveria servir seus cliente foi; a segurança é terceirizada. Agora, imaginem se um civil jogasse uma bomba naquele estabelecimento! Ele poderia alegar que a bomba também era terceirizada?
Alberto estava feliz em poder fazer um crediário e comprar um colchão, já que o que possuía estava velho demais, entretanto, não pôde levá-lo para casa, pois, a mão assassina e a mente incapaz de raciocinar, apertaram em cumplicidade, o gatilho vil que abreviou a vida daquele que somente queria comprar. Alberto caiu segurando, vitorioso, graças ao suor do seu rosto, a nota fiscal. Alberto não mais poderá ver seu sonho realizado, não poderá ver seu filho saltitar feliz em cima do colchão novo. No próximo mês a fatura chegará à sua mulher e se ela não pagar terá o seu nome inserido ao SPC e uma mulher chata ficará ligando todos os dias lhe cobrando a divida. A má capacitação e a desconfiança do segurança rondavam o menino que não ostentava no corpo uma grife de roupa famosa.
Talvez se Alberto estivesse com um terno “Ricardo Almeida”, seria carregado nos braços até a sobre-loja, seria bem recebido e até café lhe serviriam, mas, infelizmente, ser pobre, preto e favelado deste lado de cá da ponte não é tarefa fácil para qualquer um.

domingo, 12 de outubro de 2008

Zona de Guerra


Como se tudo na vida não fosse por acaso, o personagem central deste romance se vê angustiado quando a vida se bifurca e seus amigos pegam atalhos para chegar à satisfação pessoal do ego assolado pela sociedade repressora. Inconformado com a realidade em que vive tenta mudá-la de uma maneira inteligente, porém, o Sistema com o seu sistema de alienação o faz parar...

Em meados dos anos noventa, época em que o Parque Santo Antônio era considerado o bairro mais violento da zona sul de São Paulo, época, em que os profissionais da educação ainda amavam o que faziam e, que estudar, era gratificante, nasce um grupo de amigos que mudariam todo o contexto daquele bairro homicida.

O “Zona de Guerra” é a representação gráfica do que foi a violência naquele submundo esquecido por Deus. O livro ainda denuncia, em suas entrelinhas, o abandono daqueles que estão à margem e que são violentados em todos os seus direitos; o povo brasileiro. Vale a pena você aguardar para ler este intrigante romance nascido das reminiscência de Marcos Lopes , O Nene

Marcos Lopes

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sonhos


A vida só é real
quando nos apresentamos
Ao que antes er´irreal"
Jamais imaginei que um dia pudesse estar tão próximos dos meus heróis. Não me refiro a estes que vemos diariamente na tevê, estes que, na vida real, fogem quando ouvem o primeiro disparo de uma 380, ou quando vê uma criança esmolando fecham os vidros dos blindados. Não. Estes não são heróis nem de brinquedo. Me refiro a personagens reais como a Tia Dag e o Ferréz.
Nem Batman, sequer Super-man, tampouco Homem Aranha, imagine Juvenal Antena fazem, fariam, ou fizeram o que esses dois fizera por mim; apresentaram-me o caminho justo para não ser injusto como os hOMENS que pedem justiça.
Tia Dag e Ferréz são os meus heróis.
Marcos Lopes

Meus Heróis













Tia Dag e Ferréz, meus heróis. Ela me apresentou a oportunidade de ver, agir e mudar
Ele, indiretamente, me fez ler, estudar e crescer. Obrigado vocês sempre serão meus HERÓIS

terça-feira, 15 de abril de 2008

Queria dizer que te amo

Queria dizer que te amo

Queria dizer que te amo, que sem você eu não vivo.
Que tu és o amor eterno da minha vida, porém, estaria sendo leviano, não contigo, mas, comigo, pois, não sei se este sentimento ainda existe dentro de mim.
Refiro-me ao amor, pois, o outro sentimento que não sei descrever com palavras é verdadeiríssimo.
É um sentimento que vai além de das forças que dizem ter o amor, vai além da idealização de um rostinho bonito, vai além de querer olhar belas pernas e acariciar cabelos sedosos.
O que sinto por ti, aparentemente, é algo que os tolos chamariam de amor, os irracionais de paixão e os sábios sequer conseguiriam pôr, numa morta folha de papel, uma só palavra que aqui escrevo.
Os poetas chamariam de amor platônico.
Os eclesiásticos achariam que estou possuído e mandar-me-iam para a fogueira.
Meu coração emudece por não saber o que leva dentro dele.
Minha mente desatina por não mais saber diferenciar o Mau do Bom.
O Feio do Belo.
O Frio do Quente.
A Vida da Morte...
Se existir alguma palavra que substitua o majestoso amor, que os humanos julgam tão belo, mas, que pra mim só trouxe dor e sofrimento, vá em busca dela...
Só assim descobrirá o que sinto por ti, vá atrás da última estrela do céu e descubra se o que sinto por ti é amor ou uma mera ilusão.
Busque nos lábios de outrem os inocentes sorrisos que lhe dôo sem nada querer em troca, procure nos olhos mais sinceros a minha sinceridade, procure no olhar mais sereno o calor de minh´alma .
Se encontrares, serei abdicado da sua vida assim como será da minha, mas, sempre serei o seu sonho bom. Serei o calor que aquece seu corpo. Chorarei suas lágrimas e sorrirei os seus risos.

Queria dizer que te amo.
Mas este sentimento é fraco perto deste que nutro por ti.
O amor é apenas uma formiguinha correndo desesperadamente em busca de socorro e o que sinto por ti é um Leão em busca da sua presa favorita. Este sentimento voraz que me devora a alma não tem cor, nem cheiro e nem nome.
Talvez um dia o homem deveria conhecê-lo, assim, quem sabe, ele aprenderia a valorizar as pessoas como seres humanos assim como eu a valorizo.
Um rostinho bonito é a rosa que desabrocha na primavera. O amor morre no Outono e eu... Eu queria dizer que te amo.

O sentimento do homem é, por vezes, extremamente contraditório o que não explica a confusão que faz dentro de si ao confundir o “querer bem” com “amor” deixando-se levar pela brisa ilusória de querer compartilhar sua alma com a pessoa amada. Desculpe-me por não conseguir dizer...
Mas queria dizer que te amo.

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Marcos Lopes

sábado, 19 de janeiro de 2008

Momento Mágico

A fila do cinema estava enorme, dava quase duas voltas no pipoqueiro. Soltei a mão de minha namorada e fui comprar um sorvete para passar o tempo. Não sei se devo amaldiçoar aquele momento ou se devo dar graças ao Pai Celestial.
Sai duma fila para entrar noutra embora a do sorvete estivesse menor eu não gostei nada do que vi; a mulher que mais amei neste mundo sorria ao lado de outro. Fiquei sem ação, não sabia se partia pra cima do cara , se chorava, se corria, se gritava...
Uma vertigem se apossou de mim de tal maneira que meus pensamentos tornaram-se uma poça de lembraças, uma nuvem negra passou por minhas vistas, não enxergava nada e ninguém que não fosse os dois, senti uma fisgada no peito e senti que cairia se não me sentasse na cadeira que estava ao meu lado, baixei a cabeça e ali fiquei.

Como ela estava linda, seus cabelos ainda continuavam sedosos e seu perfume não mudara, suas mãos macias e delicadas agora possuiam, em um dos dedos, uma bela aliança, seu rosto era de mulher crescida, porém, não perdera a expressão de menininha no sorriso.
Momentos de felicidades tumultuaram minha mente fazendo bailar em meus lábios um sorriso-choroso.
Seria ela feliz? Torcia para que sim. Perguntas como estas envolveram-me num desespero fulminante, tentei levantar mas minhas pernas pareciam estar pregadas no solo, olhei para ela e notei que agora estava calada, não sorria como fazia a alguns minutos atrás, será que me vira? Não sei.

Quando nos conhecemos, ela era apenas uma garotinha de dezessete aninhos, eu, um cavalo de vinte e três. Apesar da diferença etária ser gritante éramos felizes e parecia que nada nos atingiria, nada no mundo nos separaria, pois, achava eu que aquilo que ela demonstrava sentir por mim era amor, que ingenuidade minha, onde já se viu uma garota de dezessete anos saber o que é amar.
Quantas vezes dissera que me amava, que não viveria sem mim, que eu era o amor eterno de sua vida? Inúmeras foram as vezes. Agora, olha lá onde ela está; envolvida nos braços de outro. Aprendi, com este relacionamento, que não se deve amar somente com palavras, amar é mais que dizer “amo você”. Amar é querer que o outro seja feliz independente se você estará ou não, amar é querer estar juntinho em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins, amar é saber ouvir e compreender, amar é desejar a liberdade do outro para que juntos possam conquistar o Universo...
Queria neste momento explicar o que eu sentia por aquela pequena, mas quem foi que disse que o amor é para ser explicado? O amor é para ser sentido, vivido. Quisera uma vez, quando criança, voltar no tempo para resgatar tudo aquilo que deixei de fazer, tudo aquilo que impedi que acontecesse mas, naquele instante, eu não queria voltar, não, afinal, realizei com ela sonhos que jamais imaginei que um dia pudesse realizar; estar apto a amar, voltar a sorrir, ser feliz, mesmo que tenha sido por instantes, foi um dos sonhos que realizei.

Por um momento o namorado dela saiu, e nossos olhos se encontram, os dela não tinham mais aquele brilho dantes, os meus faiscavam, não sei dizer se de felicidade ou se de tristeza, afinal, o que haviamos sentido e feito um pelo outro no decorrer de nossa história, agora, fazia parte de um passado longínguo.
Ela sorriu e acenou com uma das mãos, sentiu-se envergonhada ao notar que eu havia percebido que usava aliança, correspondi com um singelo balanço de cabeça e voltei os olhos cheios d´água para baixo. O asqueroso namorado voltou e ela o tratou com certa indiferença; não quis beijá-lo, seria por que eu estava ali? Pudera, afinal, ela sempre me respeitou. Notando minha presença ele ameaçou ir embora, ela não insistiu que ficasse e o cidadão acabou voltando. Sorri, lembrei o quão eram divertidas nossas discussões; brigávamos e depois ríamos de nossas infantilidades. Todas as pessoas, por mais velhas ou sérias que sejam, guardam um pouco de criança dentro de si, quando esta criança deixa de existir nós também deixamos. As rugas que hoje denunciam a minha idade não é sinônimo de velhice e sim de que a maturidade chegou.
A fila diminuia quando resolvi levantar e ir para outro canto, não era a minha inteção deixar o pequeno constrangido e, nem tampouco, fazê-los discutir, sou um homem pacífico, sensato, de paz com a vida e com todos, jamais me exporia ao ridículo de ficar ali e esperar aquele “moleque” vir se quixar de que sua namorada não tirava os olhos de mim...
Por um momento senti minhas pernas tremerem e se eu não fechasse a boca, talvez, meu coração sairia por ela, aquele instante mágico me fez lembrar o quanto fui feliz, o quanto amei aquela doce e simpática mulher... não, na verdade, eu não amei aquela doce e simpática mulher, afinal eu não a conhecia, amei, sim, a garota que se escondia por de trás dela, amei a garota ingênua que aquele sorriso nostálgico ocultava, amei a garota que trazia sinceridade no olhar e pureza na voz. Infelizmente aquela mulher que ali estava não era o anjo que um dia passou em minha vida, não era o anjo que, em questão de segundos, modificou meu viver...

Ao sair notei que olhos tristes ainda me fitavam, que acampanhavam meus passos solítários, talvez dentro do coração daquela senhorita ainda restasse a chama voraz da paixão.
Sorri feliz ao descobrir que não devemos, jamais, procurar nossa felicidade nos outros, pois, ela está dentro de cada um, somos nós os únicos responsáveis por sermos ou não felizes. Alegrei-me ao perceber que meu coração ainda pulsava e que não era tarde para amar novamente. Corri para a fila do cinema, onde estavam me esperando minha namorada e meu filho, dei um forte abraço nos dois e adentramos para asisitir “Deu a louca na Chapéuzinho”.

By Marcos Lopes

Por Trás de Uma GRANDE MULHER 1º Parte

Sempre tive tudo para dar errado com as mulheres; baixinho de óculos fundo de garrafa, magricela, cabelos ruins, ou seja, sempre fui um cara feioso. Trabalhava como ajudante de pedreiro, fedia a cimento mas, nos fins de semana, me arrumava, ficava bonitinho, e saía com os colegas que, assim como eu, também eram feiosos, para gastarmos nosso dinheirinho suado do mês inteiro. As festas que nós íamos eram bem animadas, havia inúmeras garotas, uma mais linda que a outra, mas nunca deram bola para mim, talvez nunca notaram que eu existia, no fim todas saíam com caras que tinham carro, moto e além de tudo... Eram bonitos, uma qualidade que eu nunca tive, me sentia um patinho feio.Uma vez estava voltando sozinho de uma dessas festas que costumara a freqüentar, quando avistei um carro com os piscas alertas aceso, ali estava meu futuro, pressupus que estava com problemas e resolvi ajudá-lo. Após ter feito minha boa-ação noturna, consegui uma carona até minha casa, até que o camarada era legal, me disse que morava a dois quarteirões dali e que nunca havia me visto.- Deve ser por que eu saio para o trabalho cedo e só volto bem à noite – respondi, ele permaneceu em silêncio e antes que eu descesse do carro me fez um convite:- Topa ir numa festa Sábado à noite?- Claro! – respondi superempolgado.Ah!! Como aquela semana foi demorada, parecia que o tempo não passava. Na festa ele me apresentava para todos como seu parceiro, seu camarada do peito, era como se já me conhecesse á um tempão, as garotas o beijava, e por incrível que pareça, elas me beijavam também. Meus olhos se derreteram quando avistei Juliana, uma morena de cabelos sedosos e olhos de esmeralda me fascinou, meu corpo estremeceu por completo quando notei que ela se aproximava de nós, ao nos cumprimentar, senti seu hálito suave tocar em minh’alma, mas minha felicidade durou pouco, caí na real, o que me doeu foi quando ela pegou na mão do Juvenal – o amigo que me levara a festa – e saiu arratando-o para conversarem a sós.Fiquei ali, parado segurando o muro, por uns vinte minutos, e quando ele voltou, seu sorriso abanava as orelhas e, ainda pra acabar com a minha noite, veio me contar piadas:- Falei com a Juliana!- E daí?O que tenho eu a ver com isso?- Ela quer falar com você, disse que te achou mó gatinho e quer falar contigo, vai lá, homem!.Foi instantâneo, comecei a rir, mas ri tanto que lágrimas saltaram dos meus olhos, só acreditei quando aquela beldade pegou em minha mão e saiu me arrastando.- Meu Deus – pensei comigo – Se isso for um sonho que não me acorde jamais! Pela primeira vez em minha vida aquilo estava acontecendo, a não ser minha mãe e minha irmã jamais havia segurado a mão de uma garota, ainda mais, uma garota como Juliana. Finalmente estava acontecendo, sim, estava acontecendo de verdade, não era sonho não.Vou te revelar um segredo... Juliana foi a primeira e também única garota com quem fiz amor. Isso, pode rir à vontade não tem problema, não. Depois daquele dia passei a andar usando as mesmas roupas que Juvenal, desembolsei uma grana que guardava e comprei umas roupas bacanas mas, meu salário não dava para comprar tantas coisas, sapatos, relógios de marca, pra dizer a verdade, não dava nem pra comer. Fazia algum tempo que eu e a Jú estávamos saindo, ela sempre queria ir a lugares chiques como, shopping, baladas caríssimas, tinha vergonha de dizer a ela que eu era um simples ajudante de pedreiro e que não tinha tanto dinheiro assim como ela pensava. Meu pai passou a vida inteira me dizendo que tudo que vem fácil vai fácil. Meses depois abri o jogo com a Jú, passado alguns dias ela me deu um pontapé, eu estava apaixonado, me desesperei, não sabia o que fazer. Comentei com Juvenal o que aconteceu...Numa certa tarde ensolarada de Domingo, vi minha Juliana aos beijos dentro de um carro com um bonitão, eles pareciam tão apaixonados, me senti humilhado, minha vida acabara ali... Nunca mais pus a cara no trabalho, não tinha estudo, mal sabia escrever meu nome, o que eu poderia ser na vida a não ser um bandido?
Continua...

Por Trás de uma GRANDE MULHER 2º Parte

Foi o que aconteceu. Juvenal me apresentou uns caras da pesada que tinham tudo aos seus pés, dinheiro, carro, moto, roupas, sapatos e relógios de marca, era tudo que eu precisava para ter minha querida e amada Juliana de volta.A não ser minha colher de pedreiro a pá e a enxada para virar a massa, eu nunca havia segurado uma arma antes. O dia ainda amanhecia quando Juvenal foi me pegar em casa, ali, dentro do carro, ele me deu uma arma, minhas mãos tremiam me deu vontade de descer daquele maldito carro e sair correndo para meu trabalho, procurar uma escola e quem sabe ser alguém na vida, mas... Naquele momento já era tarde, eu havia me sentenciado, assinei um contrato com o Demônio, Juvenal parecia não ter medo de nada, paramos o carro ao lado de uma viatura e ele nem se importou. Eu? Eu quase desmaiei, se pudesse desistiria.Rendemos o segurança da casa e entramos pela cozinha, até que chegamos em uma boa hora, todos estavam tomando o café da manhã, e que café, queria eu ter um banquete daquele todos os dias! Bom, uma das partes mais difíceis nós já havíamos feito, que fora entrar, pra sair não foi tão difícil assim. Já estávamos nos retirando, pelo mesmo lugar que entramos, quando o chefe da casa resolveu pegar uma faca e vir atrás de nós, eu que estava por último percebi a ação dele, virei-me rapidamente e apontei a arma na direção de sua cabeça... Juro que não foi por querer, minhas mãos estavam tremulas e... Acabei atirando contra aquela bendita alma. Que Oxalá a tenha! Juvenal não deixou que eu comprasse nada a princípio, achava que a policia poderia desconfiar e nos prender, mas não agüentei muito tempo e meses depois podia dizer que estava satisfeito, já podia andar sem camisa exibindo minhas correntes de ouro, meu relógio de dois mil e pouco reais, meus tênis com amortecedores embaixo, meu carro e sem falar nas namoradinhas que eu descolava quando saía para as festinhas. Não, eu não deixei de freqüentar as antigas, continuava indo sempre nas mesmas, mas meus antigos amigos não queriam muito contato comigo, sentiam-se ameaçados, mas quem ligava para aqueles Zé-ruelas que não pegavam ninguém? Tá vendo esta tatuagem aqui? Sim, está letra japonesa, é a inicial do nome da Jú.Algumas vezes a vi olhando para mim, outro dia até sorriu, acho que ela gosta de mim. Ela se faz de durona, mas já ouvi alguns comentários a respeito.Eu te falei que meu pai não fala mais comigo? Pois é, ele descobriu tudo, pegou uma arma e um baseado em baixo do meu colchão, homem igual aquele não existe, apesar de eu estar numa vida errada ele nunca jogou piada ou me mandou embora de casa, mas sempre deixou claro que não queria policia na porta da sua casa, eu sempre respeitei. Eu e a Jú voltamos, ela pediu que eu não ficasse com mais ninguém a não ser com ela, agora sim eu podia levá-la ao shopping, comprar todas as roupas que ela quisesse, as garotas do bairro a invejavam, queriam estar em seu lugar, eu era o REI e Juliana deixou de ser beldade para ser minha RAINHA, era coroada com as mais belas jóias, lhe dei um anel de brilhante e a pedi em casamento.Meu pai nunca aceitou uma só moeda que viesse de mim. Eu, Juvenal e os outros ambiciosos passamos a roubar cargas de cigarros, remédios... Meu Senhor Jesus! Eu nunca imaginei que um dia eu poderia ter tanto dinheiro assim. Outro dia minha mãe me disse que um daqueles Zé-ruelas iria se formar professor, o outro mané seria engenheiro, e o outro estava noivo, grande merda, respondi a ela, Tô nem aí, pra esses Zé-ruelas.
Continua...

Por Trás de Uma GRANDE MULHER última parte

Minha vida... Isso sim que é vida, ficar o dia inteiro com a mulher que eu amo, gastando dinheiro no shopping, nos cinemas, nos parques de diversões como playcenter, Hopi-Hari e naquele ano nós iríamos, talvez, para Disney eu não queria, mas era o sonho da Jú um dia conhecer a Disneylândia, eu era o cidadão mais feliz da Terra e ela era a mulher mais feliz do universo.Hei homem, não precisa babar, não! Relaxa! Quer um café? Bom, meu último assalto... Meu último assalto foi lamentável, Juvenal morreu trocando tiros com a policia, os outros dois, quando foram presos foram encontrados enforcados na cela, dizem que eles se mataram, mas sabe como é, né? Pra ser sincero não acredito nisso. Eu fui o mais esperto, consegui escapar, sempre fui bom nas brincadeiras de esconde-esconde. Você dá risada, né seu panaca? Olha que te mando embora hein! Brincadeira, mané não precisa arregalar estes zóião, não.Meu pai... Depois que entrei para a vida errada nunca mais nos falamos, ele morreu sem que nos falássemos pela última vez, não estou chorando! Pára de me olhar assim, porra! Juliana me esqueceu, minha mãe disse que ela está com outro agora, disse que quando passa na rua nem se quer pergunta de mim, talvez já me esquecera, talvez esquecera de tudo que passamos juntos, de nossas noites nas mais belas praias, dos hotéis luxuosos ao qual fizemos amor pela primeira vez, da nossa viajem ao Walt Disney, e a aliança que eu lhe dera, será que jogou fora, será que ainda se lembra que somos noivos? Meu Deus! O que eu fiz da minha vida? Dr. Fernando me tire daqui, por favor! O Sr. é o melhor advogado que minha mãe pôde pagar, eu preciso sair deste lugar.Minha mãe disse que os Zé-ruelas conseguiram se casar, se mudaram lá do bairro, disse que o mais mané de todos comprou um apartamento para sua mãe e se casou com a filha de um promotor de justiça, o outro foi para Nova Iorque, o outro dá aulas numa Universidade renomada e o mais esperto... O mais esperto encontra-se privado de sua liberta. Ajude-me Dr. Fernando, por favor, me ajude By Marcos Lopes

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A carta

A carta

Minhas mãos tremem ao escrever o que deveria ser uma carta de amor ou, quem sabe, um amor de carta, afinal, tudo em minha vida é incerto.
Anjo, se não a tenho por perto o sol não aparece, as estrelas não brilham e a Senhora Lua já não é mais a inspiração dos meus poemas.
Dentro do meu peito existe uma cratera cuja extensão é do tamanho da cidade de tristezópolis; lugar onde as pessoas mais felizes são tristes.
Escrevo justamente para lhe informar que estou de mudança pra lá a convite de um amigo e acredito que serei muito bem-vindo.
Soube, por meio deste amigo, que a prefeita da cidade, a Paixão, foi acusada de traição e por isso está exilada em alegrolância, distinta capital do lugar para aonde vou, me parece que ela sorria enquanto alguém chorava. Corre o boato que o Amor, então prefeito de alegrolândia, a influenciou.
Em tristezópolis as pessoas andam de cabeça baixa, sempre chorando, lamentando-se da vida. Todos se entendem por lá, pois, ninguém fala com ninguém. O Amor uma vez passou por lá, mas, a Intriga, a delegada de polícia da cidade, o expulsou alegando que ele causava mal às pessoas, prometia fazê-las felizes, levá-las ao encontro do Sr. Nirvana mas nunca cumpria suas promessas, indo embora sem ao menos dizer adeus. Ninguém entendia o por quê do Amor enganar tanta gente, então a delegada o seguiu e viu que ele conversava às escondidas com a Prefeita Paixão e com sua vice, a Efemeridade, duas corjas que queriam governar a cidade para colocar, como seu representante, o Sofrimento.
Quando o Amor voltou a transitar na cidade todas as pessoas, acompanhadas com seu líder, o Ódio, o puseram pra correr e nunca mais o Amor apareceu por lá. Já a prefeita e sua vice optaram em ir para Alegrolândia deixando o cargo para a Saudade. Estou lhe contando como é a cidade para onde vou que é justamente para você saber que lá a Enganação não existe, a Mentira ficou com a perna curta ao descobrirem que ela faltou com a Verdade, a Injustiça perdeu o mandato e agora age em outro lugar. A Realidade... Ah! Essa dona Realidade é, ainda, apenas um sonho porque as pessoas preferem acreditar naquilo que dizem aos seus ouvidos do que naquilo que seu coração manda acreditar.
Bom! Despeço-me por aqui, pois, tenho que fazer as malas, não que elas não venham feitas da fábrica, enfim, dispense este detalhe, pois, só lhe expliquei porque sei que a Incompreensão está ao seu lado lendo esta carta.
Um dia, quem sabe, eu não visite você ai em Ilusionópolis, afinal somos quase conterrâneos agora...

By Marcos